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- Tia Najma chorava. Nunca tinha visto o mar. Estávamos, minha família e eu,
- sentados nas pedras, olhando a extensão das águas, respirando o ar salgado do
- mar Arábico. Como era enorme! Certamente ninguém sabia onde ele terminava. Eu
- me sentia muito feliz naquele momento e falei: "Um dia quero atravessar esse
- mar".
- "O que ela está dizendo?", perguntou minha tia, como se eu falasse de algo
- impossível. Eu ainda tentava entender como tia Najma conseguira morar por trinta
- anos na cidade litorânea de Karachi sem nunca ter posto os olhos no oceano. O
- marido não a levava à praia e, mesmo que de alguma maneira ela fosse capaz de
- dar uma escapadela, não poderia seguir as placas indicativas do caminho para omar, pois não sabia ler.
- mulheres eram livres. No Paquistão, tivéramos uma primeira-ministra e em
- Islamabad eu conhecera profissionais impressionantes, mas o fato é que, em nosso
- país, quase todas as mulheres dependem inteiramente dos homens. A sra. Maryam,
- por exemplo, é muito instruída, mas em nossa sociedade não pode morar sozinha
- nem trabalhar. Precisa viver com o marido, com um irmão ou com parentes.
- No Paquistão, quando as mulheres dizem que querem independência, as pessoas
- acham que isso significa que não desejam obedecer a seus pais, irmãos ou
- maridos. Mas não é isso. Significa que queremos tomar decisões por conta própria.
- "Queremos ser livres para ir a escola ou para ir trabalhar. Não há nenhum trecho no
- Corão que obrigue a mulher a depender do homem. Nenhuma mensagem dos céus
- estabeleceu que toda mulher deve ouvir um homem.".
- Daniellle Nb
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