- A escola ainda era um refugio da loucura de se viver em uma cidade em guerra. Entre os bombardeios e o toque de recolher (que podiam ser anunciados a qualquer hora do dia), nem sempre era possível ir a aula.
- As vezes helicópteros barulhentos voando sobre a escola impediam que conseguíssemos ouvir alguma coisa, e então nos mandavam para casa.
- A volta da escola era tensa e assustadora e eu só queria relaxar quando estava segura dentro de casa.
- Todos os dias os homens de Fazlullah atingiam um novo alvo. Lojas, estradas, pontes. E escolas. A maioria dos ataques era fora de Mingora, mas logo chegaram mais perto. E mais perto. Um dia eu estava na cozinha lavando a louça e uma bomba explodiu tão perto que a casa inteira sacudiu e o ventilador que ficava em cima da janela caiu. Antes que eu pudesse reagir a energia foi cortada.
- Aprendi que era assim que acontecia bomba e escuridão. O Talibã nos bombardeava e depois a luz acabava por pelo menos uma hora.
- Cresci ouvindo a palavra terrorismo.
- Terrorismo é medo por toda parte. É deitar para dormir a noite e não saber que horrores o dia seguinte vai trazer. É abraçar sua família no comodo mais central da casa porque todos decidiram que é o lugar mais seguro. É andar pelas ruas sem saber em quem se pode confiar. Terrorismo é ter medo de que, quando seu pai sair pela porta de manha, não voltará à noite.
- As noites eram piores. Quando a escuridão caia, nos assustávamos a cada barulho e pulávamos com qualquer sombra. Era a noite que os homens de Fazlullah realizavam a maior parte de seus ataques, principalmente a destruição de escolas.
Stella
NB
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